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Dr. André Andraz Cruz

Oncologista

 

Imunoterapia adjuvante no tratamento do Melanoma Cutâneo

Uma conquista inovadora da oncologia

HPA Magazine 10

No Hospital de Dia da Unidade de Gambelas do HPA já se encontra em tratamento adjuvante com imunoterapia - Nivolumab (Opdivo®) - o primeiro paciente a nível nacional, após resseção cirúrgica de melanoma cutâneo. 
Esta nova indicação (aprovação pela FDA em Dezembro de 2017) é um grande avanço no tratamento desta patologia agressiva com elevada probabilidade de recaída após a cirurgia. 

 


Até agora na Europa não havia tratamento standard adjuvante recomendado após a cirurgia de melanoma, dado que o tratamento aprovado em 2015 nos EUA - Ipilimumab (Yervoy®) -, em pacientes operados de alto risco, traduziu-se em significativos efeitos adversos. O estudo CheckMate-238 comparou Nivolumab versus Ipilimumab e mostrou uma redução muito significativa de recaída da doença e risco de morte no estadio III operado (melanoma com envolvimento nodal). 
Depois desta aprovação, muito recentemente surgiu evidência adicional do estudo KEYNOTE-054, que mostrou um benefício semelhante de Pembrolizumab (Keytruda®), outro fármaco de imunoterapia, em pacientes de características semelhantes. Assiste-se, portanto, a uma evolução além das indicações e aprovações já conhecidas de imunoterapia no cancro avançado (metastático/estadio IV) - melanoma, cancro do pulmão, cancro renal, linfoma de Hodgkin, cancro da cabeça e pescoço - para outras patologias e para fases mais iniciais, o que significa que podemos reduzir o risco desta doença letal voltar após cirurgia curativa, sem toxicidades significativas. 
Este facto pode ser explicado pelo mecanismo de ação desses medicamentos. Ao invés de ter um efeito citotóxico direto nas células cancerígenas (e também nas células saudáveis) como o que se observa na quimioterapia, a imunoterapia (também um fármaco endovenoso) atua promovendo o desbloqueio da inibição do nosso sistema imunitário causado pelo cancro e estimula a sua ação citotóxica. Assim, numa administração endovenosa simples de 1 hora, o tratamento pode ser administrado com um perfil de toxicidade muito manejável. Atualmente, centenas de ensaios estão em curso a explorar o potencial deste tratamento em estadios mais iniciais nas mais variadas patologias, isoladamente ou em combinação com tratamentos standard, com resultados muito promissores. 
O HPA orgulha-se de ter a sua Unidade de Oncologia envolvida neste processo, mas sobretudo a possibilidade de proporcionar aos pacientes os tratamentos oncológicos mais modernos da atualidade.